Em menos de dez meses, o Brasil registrou as suas duas piores tragédias no setor aéreo. O acidente desta terça-feira com um Airbus da TAM que partiu de Porto Alegre rumo ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com 176 pessoas a bordo, supera, em número de mortos, a tragédia com o Boeing da Gol, em setembro de 2006, que abriu uma crise no setor aéreo, expôs sérios conflitos entre governo e controladores de vôo, e gerou a abertura de comissões parlamentares de inquérito, ainda inconclusas. A nova tragédia amplifica a crise no setor e põe em xeque as condições de segurança de vôo no Brasil.
As responsabilidades pela tragédia desta terça-feira ainda serão apuradas, mas problemas na pista do aeroporto de Congonhas - administrado por um órgão federal, a Infraero - são apontados entre as prováveis causas. Um setor em crise há quase um ano. Desde o acidente da Gol, em setembro do ano passado, o país vem enfrentando meses seguidos de uma crise aérea sem precendentes, com vôos atrasados, filas intermináveis nos aeroportos, panes nos equipamentos, motins dos controladores de vôos e inúmeros questionamentos acerca da segurança do sistema de vôos do país. A crise do setor aéreo no país começou no fim de outubro de 2006, depois que os controladores de vôos iniciaram protestos contra o afastamento de colegas para a realização de investigações sobre o acidente envolvendo um jato Legacy e um boeing da Gol, no qual morreram 154 pessoas. O desastre chamou atenção para problemas existentes no sistema de controle de tráfego aéreo no país. Depois do acidente, os controladores de vôo organizaram operação padrão em diversas situações, ampliando o prazo de decolagens e aterrissagens para protestar contra os baixos salários e as condições de trabalho.
Inicialmente, o governo atribuiu a crise no setor aos protestos dos controladores e, por mais de uma vez, levantou suspeitas de que a categoria teria organizado sabotagens. Em meio à crise, parlamentares da oposição tentam garantir a instalação de uma CPI para investigar as causas do apagão aéreo. Os governistas, porém, argumentam que não há fato determinado que justifique a abertura da comissão. Após o início da crise, a situação nos aeroportos começou a piorar no feriadão do dia 2 de novembro. Desde então, diversas justificativas foram apresentadas para os transtornos enfrentados por passageiros e companhias aéreas. Em 19 de novembro, atrasos e cancelamentos foram atribuídos a um raio no aeroporto de Congonhas, em Guarulhos (SP).


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